UM ESTUDO DE CASO DA “PESQUISA PEDAGOGIA” NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ)

A proposta deste trabalho é apresentar à comunidade universitária as primeiras conclusões obtidas a partir da análise dos resultados da pesquisa “Introdução a uma “Sociologia dos Estudantes”: uma análise dos estudantes cotistas e bolsistas de Pedagogia da UFRJ” desenvolvida com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) no âmbito do Laboratório de Pesquisa em Ensino Superior (LAPES/UFRJ). Foi coordenada pelas professoras Maria Ligia Barbosa (IFCS-UFRJ), Rosana Heringer (FE-UFRJ) e Gabriela Honorato (FE-UFRJ). A análise que será apresentada foi desenvolvida como parte de minha dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA/UFRJ) no ano de 2017 e da experiência de participação no laboratório de pesquisa. Ela é desenvolvida a partir dos dados obtidos em questionários com 59 questões fechadas e abertas, contando com uma amostra de 101 estudantes ingressantes nos quatro períodos letivos dos anos de 2011 e 2012 buscando um equilíbrio entre os estudantes ingressantes em cada período letivo e 11 entrevistas qualitativas. É analisado tanto o perfil dos ingressantes no curso de Pedagogia (sexo, cor da pele, situação de trabalho, renda familiar, trajetória escolar, local de moradia etc.) como as questões e dificuldades enfrentadas pelos estudantes mais carentes ingressantes pelas políticas de expansão do ensino superior dos últimos anos, sejam o REUNI ou a política de ação afirmativa que se consolida com a Lei 12.711/2012, conhecida como “Lei de Cotas”. De acordo com dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) 2014 em termos nacionais o curso de Pedagogia é um dos que possuem maior porcentagem de estudantes negros (50%) e de estudantes oriundos de famílias com pais menos escolarizados em concordância com a literatura sociológica em relação à carreira docente na educação básica (VAILLANT, 2009). O caso da UFRJ não desvia muito deste padrão geral. Assim sendo, diversos desafios são expostos pela pesquisa: adaptação à “vida acadêmica” e seus códigos e linguagens, conciliação dos estudos com o trabalho, custos de livros e materiais e os limites da assistência estudantil, longos deslocamentos casa-campus, inserção em pesquisa, estágio e extensão, manutenção de redes de sociabilidade, dentre outros. As experiências são diversas: parte significativa destes estudantes não evade do curso e mantém seus estudos e fazem planos (grandes) para o futuro, enquanto outro grupo não enxerga muitas possibilidades profissionais e de melhoria de vida material e pensam em trocar de curso ou profissão. A pesquisa é importante por retratar a realidade de um curso com uma função social de grande importância: a preparação de professores e de pesquisadores de questões educacionais em um país como o Brasil, com tantas necessidades nesse campo